Leia o trecho com atenção para responder: — BOM DIA, MESTRE ZÉ...

Leia o trecho com atenção para responder:— BOM DIA, MESTRE ZÉ — foi dizendo o pintor Laurentino a um velho, de aparência doentia, de olhos amarelos, de barba crescida.
—Está de passagem, seu Laurentino?
—Vou ao Santa Rosa. O coronel mandou me chamar para um serviço de pintura na casa-grande. Vai casar filha.
O mestre José Amaro, seleiro dos velhos tempos, trabalhava na porta de casa, com a fresca da manhã de maio agitando as folhas da pitombeira que sombreava a sua casa de taipa, de telheiro sujo. Lá para dentro estava a família. Sentia-se cheiro de panela no fogo, chiado do toicinho no braseiro que enchia a sala de fumaça.
—Vai trabalhar para o velho José Paulino? É bom homem, mas eu lhe digo: estas mãos que o senhor vê nunca cortaram sola para ele. Tem a sua riqueza, e fique com ela. Não sou criado de ninguém. Gritou comigo, não vai. [...]
Lá de dentro da casa ouviu-se uma voz:
—Pai, o almoço está na mesa.
—Espera que já vou —gritou o velho. —Não estou mouco. Seu Laurentino, não faça cerimônia. A casa é sua.
—Muito obrigado, mestre Zé, tenho que ir andando.
—Fique para comer com a gente. Tem pouca coisa, mas dá.
O pintor Laurentino aceitou o convite. O velho José Amaro foi já dizendo para dentro de casa:
—Sinhá, tem gente para o almoço.
Enquanto se ouviu rumor de vozes no interior da casa o mestre foi falando.
— Estou velho, estou acabado, não tive filho para ensinar o ofício, pouco me importa que não me procurem mais. Que se danem. O mestre José Amaro não respeita lição de ninguém.
Dentro de casa o cheiro de sola fresca recendia mais forte que o da comida no fogo. Viam-se, por toda a parte, arreios velhos, selas arrebentadas, e pelo chão, pedaços de sola enrolados. Uma mulher, mais velha do que o mestre, apareceu.
— Bom dia, seu Laurentino. O senhor vai desculpar. O Zeca tem cada uma! É almoço de pobre.
— Nada, dona Sinhá, só fiquei porque não sou homem de cerimônia. Pobre não repara.
O mestre José Amaro, arrastando a perna torta, foi se chegando para a mesa posta, uma pobre mesa de pinho sem toalha. E comeram o feijão com a carne de ceará e toicinho torrado. Para o canto estava a filha Marta, de olhos para o chão, com medo. Não deu uma palavra, só falava o mestre:
— Sou pobre, seu Laurentino, mas não faço vergonha aos pobres. Está aí minha mulher para dizer. Aqui nesta minha porta tem parado gente rica, gente lorde, para me convidar para isto e aquilo. Não quero nada. Vivo de cheirar sola, nasci nisto e morro nisto. Tenho esta filha que não é um aleijão.
—Zeca tem cada uma... Deixa a menina.

1. Um texto narrativo pode contar fatos verdadeiros ou fictícios. Nessa narração eles são fictícios. Qual é o enredo ou conjunto de fatos relatados na narrativa em estudo?

1 Resposta

A gente tem que tomar os meios de produção e tacar fogo

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