7). O texto a seguir discute a forma como a figura do malandr...

7). O texto a seguir discute a forma como a figura do malandro foi combatida na propaganda do Estado Novo. Com base no texto e em seus conhecimentos, faça o que se pede. Burlando a censura no governo Vargas[...] O ditador Getúlio Vargas (1882-1954) acolhia até com simpatia sua identificação popular como “bom malandro” – no fundo, um reconhecimento de sua inteligência e esperteza política. Na propaganda estado-novista, porém, ele era reverenciado como o “trabalhador número um do Brasil”, ou seja, encarnava o papel de antimalandro. Greves, ociosidade ou malandragem não eram digeridas pelo governo Vargas, empenhado no desenvolvimento capitalista em terras brasileiras. E tudo o que conspirasse contra esse “ideal patriótico” ficava sob a alça de mira do DIP e da polícia. Inclusive os compositores populares, em especial os sambistas, que passaram a ser vigiados, ao mesmo tempo em que o governo buscava atrair os artistas para a sua área de influência, usando a moeda de troca dos favores oficiais, a fim de tentar capturá-los na rede do culto ao trabalho. [...] A cruzada antimalandragem tinha o objetivo de interromper a íntima relação que, ao longo da história da música popular brasileira, unira o samba à malandragem. Mesmo assim, em pleno império do DIP, de modo enviesado que fosse, figuras que viviam à margem do trabalho regular continuavam presentes em muitas composições, como que a fornecer um atestado de sua sobrevivência. É impressionante a quantidade de canções que viraram muros de lamentação de mulheres insatisfeitas com seus parceiros sanguessugas... Comumente compostas por homens e cantadas por mulheres, tais músicas, embora com uma certa dubiedade, se ocuparam de tipos que voltavam as costas ao trabalho. Em Sete e meia da manhã (1945), de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, Dircinha Batista, cheia de bossa, canta a via-crúcis de uma operária na luta pelo pão nosso de cada dia. Berra o despertador, seu companheiro a acorda, vira para o lado, puxa a coberta e torna a dormir, e lá vai ela, a contragosto, trabalhar: “Estou atrasada / E se não for para o batente / Ele vai me dar pancada / Estou tão cansada / De ouvir todo dia / A mesma toada / O apito da fábrica a me chamar / Levanta da cama e vem trabalhar / Mas que viver desesperado”.
PARANHOS, A. Os desafinados do samba na cadência do Estado Novo. Revista Nossa História, Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, ano 1, n. 4, p. 16-18, fev. 2004.
Relacione o combate à figura do malandro, como descrito no texto, com a ideologia trabalhista do Estado Novo.

1 Resposta

Tira Duvidas

Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas desenvolveu uma política estrategista de dominação, que incluía, entre outras coisas, a propaganda. Inspirado nas técnicas de propagandas nazifascistas, em 1939 Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão subordinado diretamente ao presidente da República.

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