[...] o que é próprio do homem se estende ao animal e permite,...

[...] o que é próprio do homem se estende ao animal e permite, por simetria, que o que é próprio do animal se estenda ao homem. [...] Conclusão: não se trata de uma equiparação graciosa do
animal ao homem (à maneira das fábulas), mas, ao contrário, de uma feroz equiparação do
homem ao animal (...), na qual o homem pode ser confundido com o bicho e tratado de acordo com
esta confusão.
CANDIDO. Antonia. De cortiço a cortiço. Novos estudos, n. 30. São Paulo, Universidade de São Paulo, jul 1991. Disponível em:
http://postlic:ffich. usp. br/sites/postileffich. usp. br/files/DE%20CORTI%2B%C3%A70%20A%2 0CORTI%2B%C3%A70.pdf. Acesso em: mar. 2020. Fragmento.
Considerando o conceito de zoomorfização apresentado por Antonio Candido, conclui-se que
o trecho de O cortico, de Aluísio Azevedo (Porto Alegre: L&PM, 1998), em que tal aspecto se faz
notar é:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua
infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de
uma assentada sete horas de chumbo.
João Romão, vestido de casimira clara, uma gravata à moda, já familiarizado com a
roupa e com a gente fina, conversava com Zulmira que, ao lado dele, sorrindo de olhos
baixos, atirava migalhas de pão para as galinhas do cortiço.
E toda a gentalha daquelas redondezas ia cair lá, ou então ali ao lado, na casa de
pasto, onde os operários das fábricas e os trabalhadores da pedreira se reuniam depois do
serviço, e ficavam bebendo e conversando até as dez horas da noite.
Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna, sem precisar roer
nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico três vezes do que ele não teve de
casar com a filha do patrão ou com a bastarda de algum fazendeiro freguês da casal
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a
minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia
brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.​

1 Resposta

Alternativa A.

Explicação:

As personagens presentes nos romances naturalistas são bem diferentes daquelas do movimento romântico, em que eram idealizadas. No entanto, uma característica que se vê nas duas escolas é o egocentrismo, que surge, no entanto, de maneira diferente.

No naturalismo, as personagens são produto do meio em que vivem, sendo retratadas de maneira egocêntrica, como se nota no trecho acima do romance naturalista O Cortiço.

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