TEXTO Puro preconceito
É razoável que as pessoas tenham medo de assaltos (1). Eles se tornaram rotina nos centros urbanos e, por vezes, têm consequências fatais. Faz todo o sentido, portanto, acautelar-se, evitar algumas regiões em certos horários e, até, evitar pessoas que pareçam suspeitas. E quem inspira desconfiança é, no imaginário geral, mulato ou negro. Se falar com sotaque nordestino, torna-se duplamente suspeito. Pesquisa feita em São Paulo, contudo, mostra que essas ideias não têm base na realidade (2). Não passam de preconceito na acepção literal do termo. Dados obtidos de 2.901 processos de crimes contra o patrimônio (roubo e furto) entre 1991 e 1999 revelam que o ladrão típico de São Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista (62%) (3).
Os negros, de acordo com a pesquisa, respondem por apenas 12% das ocorrências. Baianos e pernambucanos, juntos, por 14%.
O estudo é estatisticamente significativo. Os 2.901 processos correspondem a 5% do total do período. É claro que algum racista empedernido poderia levantar objeções metodológicas contra o estudo (4). Mas, por mais frágil que fosse a pesquisa, ela já serviria para mostrar que o vínculo entre mulatos, negros, nordestinos e assaltantes não passa de uma manifestação de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de declarar-se isento. A democracia racial brasileira é antes e acima de tudo um mito. Como qualquer outro povo do planeta, o brasileiro muitas vezes se revela racista e preconceituoso. Tem, é claro, a vantagem de não se engalfinhar em explosões violentas de ódio e intolerância. Essa vantagem, contudo, tem o efeito indesejável
de esconder o preconceito, varrendo-o para baixo do tapete da cordialidade.
Como já observou Albert Einstein: "Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo".
Folha de São Paulo, 6 mar. 2001.
As orações em evidência no texto são orações subordinadas substantivas. Após analisá-las quanto a função que desempenham em cada período, classifique-as.
a) Oração 1 – “que as pessoas tenham medo de assaltos”.
b) Oração 2 – “que essas ideias não têm base na realidade”.
c) Oração 3 – “que o ladrão típico de São Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista (62%)”.
d) Oração 4 – “que algum racista empedernido poderia levantar objeções metodológicas contra o estudo”.
É razoável que as pessoas tenham medo de assaltos (1). Eles se tornaram rotina nos centros urbanos e, por vezes, têm consequências fatais. Faz todo o sentido, portanto, acautelar-se, evitar algumas regiões em certos horários e, até, evitar pessoas que pareçam suspeitas. E quem inspira desconfiança é, no imaginário geral, mulato ou negro. Se falar com sotaque nordestino, torna-se duplamente suspeito. Pesquisa feita em São Paulo, contudo, mostra que essas ideias não têm base na realidade (2). Não passam de preconceito na acepção literal do termo. Dados obtidos de 2.901 processos de crimes contra o patrimônio (roubo e furto) entre 1991 e 1999 revelam que o ladrão típico de São Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista (62%) (3).
Os negros, de acordo com a pesquisa, respondem por apenas 12% das ocorrências. Baianos e pernambucanos, juntos, por 14%.
O estudo é estatisticamente significativo. Os 2.901 processos correspondem a 5% do total do período. É claro que algum racista empedernido poderia levantar objeções metodológicas contra o estudo (4). Mas, por mais frágil que fosse a pesquisa, ela já serviria para mostrar que o vínculo entre mulatos, negros, nordestinos e assaltantes não passa de uma manifestação de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de declarar-se isento. A democracia racial brasileira é antes e acima de tudo um mito. Como qualquer outro povo do planeta, o brasileiro muitas vezes se revela racista e preconceituoso. Tem, é claro, a vantagem de não se engalfinhar em explosões violentas de ódio e intolerância. Essa vantagem, contudo, tem o efeito indesejável
de esconder o preconceito, varrendo-o para baixo do tapete da cordialidade.
Como já observou Albert Einstein: "Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo".
Folha de São Paulo, 6 mar. 2001.
As orações em evidência no texto são orações subordinadas substantivas. Após analisá-las quanto a função que desempenham em cada período, classifique-as.
a) Oração 1 – “que as pessoas tenham medo de assaltos”.
b) Oração 2 – “que essas ideias não têm base na realidade”.
c) Oração 3 – “que o ladrão típico de São Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista (62%)”.
d) Oração 4 – “que algum racista empedernido poderia levantar objeções metodológicas contra o estudo”.
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